imagem ilustrativas de um mouro |
O termo “moreno” deriva da palavra “mouro”.
Os europeus usavam o termo “mouro” para designar os povos invasores
originários do Norte da África (Marrocos, Argélia, Mauritânia e Saara
Ocidental). Inicialmente, “mouro” estava relacionado à Mauritânia, mas
com o tempo passou a abranger todos os povos invasores mencionados.
Esses povos mouros invadiram várias regiões, incluindo
a Sicília, Malta, partes da França e a Península Ibérica. Durante os séculos IX
a XV, os reis cristãos conseguiram reconquistar a Península Ibérica. No
entanto, como muitos desses reis eram de origem germânica e tinham pele branca,
qualquer pessoa com pele mais escura, cabelos escuros e olhos escuros era
associada aos mouros.
No século XV e XVI, o termo “mouro”
gradualmente se transformou em “moreno”, e as pessoas com essas
características enfrentaram muito preconceito. Os descendentes dos povos
africanos tinham poucas chances de ocupar cargos de grande responsabilidade ou
ascender socialmente. Além disso, em alguns lugares, como na Espanha, eles corriam
risco de vida devido à perseguição da Inquisição.
Vale ressaltar que os judeus sefarditas também
sofreram com esse preconceito, pois também tinham pele mais escura. A vida dos morenos
nessa época não era fácil. Por exemplo, em 1492,
a rainha da Espanha decretou que todos deveriam se converter ao cristianismo
E a Inquisição era responsável por estudar esses casos
- com os métodos e objetividade que fizeram sua fama. Ser moreno marcava alguém
como alvo para esse tipo de investigação.
Esse racismo também aparece na expressão sangue azul:
a pele pálida mostra as veias azuis sobre ela; a morena (ou bronzeada, como a
dos trabalhadores braçais), não. Os nobres de ascendência germânica, que
passavam seus dias enfurnados nos castelos, tinham assim o sangue azul.
Existiam inclusive leis de limpeza de sangue tanto na
Espanha quanto em Portugal. Para alguém assumir um cargo público, tinha que
provar não ser descendente de cristãos-novos - isto é, um moreno. E, diante
disso, as famílias nobres e abastadas se segregavam, jamais aceitando
casamentos com morenos.
Portanto, a palavra “moreno” carrega consigo
uma história complexa e reflexões sobre preconceito e identidade.
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