A ARTE AFRICANA E A SUA INFLUÊNCIA NO MUNDO CONTEMPORANEO
A arte africana tem desempenhado um papel significativo na formação da paisagem artística global contemporânea. Sua influência pode ser observada em diversas áreas, incluindo arte visual, música, moda e design. Compreende-se por arte africana a totalidade de expressões artísticas presentes no continente africano, sobretudo na região ao sul do saara.
A África é grandiosa, tanto em
termos geográficos, como em diversidade cultural, pois são muitos países que a
compõe. Dessa forma, suas populações possuem particularidades e costumes
diferentes, o que, obviamente, se reflete na arte produzida por elas. De
qualquer maneira, existem algumas características que se mantém nas
manifestações artísticas do povos africanos.
A história da arte africana
Máscara do século XVI, Nigéria, Edo, Corte de Benin, marfim, Museu Metropolitano de Arte |
A arte africana tem uma história
rica e diversificada, refletindo a multiplicidade de culturas, tradições e
contextos sociais presentes no continente. A arte africana tem desempenhado
papéis significativos em diversas esferas, incluindo rituais religiosos,
expressão cultural, comunicação, identidade e resistência. Antes do advento da
escrita, comunidades africanas deixaram registros artísticos em rochas,
cavernas e outros locais. Essas pinturas e gravuras rupestres fornecem insights
sobre a vida, crenças e práticas culturais antigas
Podemos dizer que os africanos
conseguiram produzir uma arte bastante livre, mas ainda assim preservando o
rigor que suas tradições exigiam em busca de um entendimento da espiritualidade
e ancestralidade.
A história da arte africana
originou-se no período pré-histórico, quando a humanidade ainda não havia
inventado a escrita. Suas esculturas mais antigas encontradas, datam de 1.500
a.C., e foram produzidas pela cultura Nok, na região onde hoje se localiza a
Nigéria.
A arte Nok
Figura em terracota (século VI a.C.) |
A arte Nok refere-se às obras de arte produzidas pela antiga cultura Nok, que floresceu na região da atual Nigéria entre aproximadamente 1000 a.C. e 500 d.C. A cultura Nok é considerada uma das primeiras civilizações da África Ocidental a produzir arte em terracota de forma significativa.
- Terracota: A característica mais distintiva da arte Nok é o uso extensivo de terracota (argila cozida) na criação de esculturas. As esculturas Nok eram modeladas à mão usando técnicas de modelagem em argila e geralmente eram cozidas em fornos rudimentares.
- Estilo Naturalista: A arte Nok é conhecida por seu estilo naturalista, que retrata figuras humanas e animais de forma realista e detalhada. As esculturas Nok representam uma variedade de figuras humanas, incluindo homens, mulheres e crianças, muitas vezes retratadas em poses e com características faciais distintas.
- Esculturas de Cabeças: Algumas das esculturas mais famosas da arte Nok são as cabeças humanas esculpidas em terracota. Essas cabeças variam em tamanho e são geralmente retratadas com olhos almendrados, narizes achatados e lábios cheios. Muitas vezes, as cabeças são adornadas com penteados elaborados ou ornamentos faciais.
- Esculturas de Animais: Além das figuras humanas, a arte Nok também inclui esculturas de animais, como pássaros, serpentes e mamíferos. Essas esculturas frequentemente retratam animais em poses realistas e podem ter significados simbólicos ou religiosos.
- Função e Significado: A função exata das esculturas Nok não é totalmente compreendida, mas acredita-se que tenham tido significados ritualísticos, cerimoniais ou religiosos. Algumas teorias sugerem que as esculturas eram usadas em contextos funerários ou como representações de ancestrais e divindades.
O povo Igbo Ukwu realizou belos
trabalhos em metais, principalmente bronze, além de utilizar a terracota,
marfim e pedras preciosas. Mas o material mais utilizado pelos povos africanos
certamente foi a madeira, com a qual produziram máscaras e esculturas.
Infelizmente, grande parte dessas
peças se perdeu, devido às intempéries climáticas e também por conta da
intolerância religiosa por parte dos muçulmanos e cristãos, que entraram em
contato com essas civilizações e destruíram parte de seus acervos culturais.
Máscaras africanas e sua influência
Máscara mwana pwo, povo tchokwe angola |
As máscaras africanas desempenham um papel significativo nas tradições culturais, rituais religiosos, festivais e cerimônias em várias comunidades do continente africano. Cada máscara tem sua própria história, significado e função específicos, refletindo a diversidade cultural do continente. Nas várias culturas africanas, as máscaras fazem parte do universo artístico e expressivo, além de serem fortes elementos de conexão entre os seres humanos e o mundo espiritual.
As máscaras africanas vêm em uma
variedade impressionante de estilos, formas e tamanhos. Cada grupo étnico
muitas vezes tem suas próprias tradições distintas de máscaras. Cada elemento
de uma máscara africana, seja a forma, as cores, os padrões ou os materiais
utilizados, muitas vezes carrega significados culturais específicos e simboliza
conceitos como a espiritualidade, ancestralidade, poder ou transformação.
A influência da África na arte moderna
Alguns artistas se depararam
nesse período com a arte produzida pelos povos africanos e ficaram impactados,
incorporando assim elementos afros em suas produções. O artista que usou a arte
africana mais intensamente foi o espanhol Pablo Picasso. Esse pintor incluiu
referências diretas dessa arte em suas obras, sobretudo de máscaras tribais.
Picasso foi um dos responsáveis pela criação do movimento cubista, que
fragmentava as figuras, trazendo uma nova maneira de enxergar o mundo e
representá-lo.
𝗔𝗿𝘁𝗲
𝗮𝗳𝗿𝗶𝗰𝗮𝗻𝗮
𝗲𝗺
𝗺𝘂𝘀𝗲𝘂𝘀
𝗲𝘂𝗿𝗼𝗽𝗲𝘂𝘀:
Durante o auge da invasão
europeia, especialmente nos séculos XIX e XX, muitas peças de arte africana
foram saqueadas coletadas por exploradores, comerciantes e colonizadores. Essas
peças frequentemente entraram nas coleções europeias através de métodos que
hoje são considerados ética e legalmente questionáveis. Em 2018, foi elaborado
um documento que propõe que os museus franceses deverão devolver o acervo
artístico e cultural dos povos africanos para seu continente de origem. Isso
porque, a maior parte das peças de arte africanas encontram-se em museus na
Europa, pois foram levadas de África pelos povos colonizadores.
A arte africana contemporânea
A arte africana contemporânea é vibrante, diversificada e reflete as complexidades da vida e das experiências nas sociedades africanas modernas. Artistas contemporâneos africanos estão envolvidos em uma variedade de práticas artísticas que abordam questões sociais, políticas, culturais e individuais. Assim como no resto do mundo, a África continua produzindo arte e possui também artistas contemporâneos com produções que trazem enorme contribuição para o mundo atual.
Artistas contemporâneos africanos
exploram uma ampla gama de mídias, incluindo pintura, escultura, fotografia,
instalação, vídeo, performance e arte digital. A diversidade de formas
expressivas reflete a criatividade e a inovação na cena artística.
A arte africana contemporânea
está cada vez mais ganhando reconhecimento e apreciação em contextos globais,
desafiando estereótipos e contribuindo para uma compreensão mais complexa e
inclusiva da cultura africana no cenário artístico internacional.
Conclusões
A arte africana tem sido muitas vezes mal compreendida ou estereotipada, mas, ao longo do tempo, acadêmicos e apreciadores têm reconhecido sua complexidade, beleza e importância cultural. A diversidade e a vitalidade da arte africana continuam a ser uma fonte de inspiração e apreciação em todo o mundo. A arte africana influenciou as expressões culturais das comunidades afrodescendentes em todo o mundo. Elementos da estética africana podem ser vistos na arte afro-americana, arte caribenha e outras formas de expressão nas diásporas africanas.
" 𝕸𝖆𝖎𝖘 𝕬𝖋𝖗𝖎𝖈𝖆, 𝖒𝖆𝖎𝖘 𝖆𝖒𝖔𝖗 𝖊 𝖒𝖊𝖓𝖔𝖘 𝖔𝖉𝖎𝖔"
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