TEMPOS PRÉ-CRISTO: A HISTÓRIA DO CRISTIANISMOS E JUDAÍSMO NA ETIOPIA


A história do Cristianismo em África remonta a milhares de anos, sendo a Etiópia a base do mesmo, a história do cristianismo na Etiópia remonta a tempos antigos e está enraizada em lendas e tradições que se misturam com factos históricos. Acredita-se que o cristianismo tenha chegado à Etiópia no século IV, durante o reinado do rei 𝐄𝐳𝐚𝐧𝐚 𝐝𝐚 𝐀𝐱𝐮𝐦𝐢𝐭𝐞. O Cristianismo foi levado a Etiópia muito, antes de se estender em alguns países do ocidente, as origens judaicas Etíopes remontam desde a época do rei Salomão, de acordo a tradição local.

O Judaísmo na Etiópia

Informações sobre a introdução do judaísmo na Etiópia são encontradas no 𝐤𝐞𝐛𝐫𝐞 𝐍𝐞𝐠𝐞𝐬𝐭 , (𝑨 𝑮𝒍ó𝒓𝒊𝒂 𝒅𝒐 𝒓𝒆𝒊). A visita da Rainha de Sabá ao Rei Salomão em Jerusalém é relatada ali. Em seu retorno à Etiópia, ela lhe deu um filho, a quem chamou de 𝐌𝐞𝐧𝐞𝐥𝐢𝐤. Quando Menelik cresceu, ele visitou seu pai em Jerusalém e voltou para casa acompanhado de muitos israelitas, filhos de levitas e trazendo consigo a Arca da Aliança, que havia obtido por subterfúgio.
A partir de então, o judaísmo foi praticado na Etiópia. Segundo algumas autoridades, as tribos Falasha do norte da Etiópia, que praticam uma forma de judaísmo até hoje, são descendentes dos israelitas. A forma de judaísmo professada aparentemente é um desenvolvimento de um tipo de adoração pré-talmúdica.

A arca da aliança 


A Igreja etíope afirma que uma de suas igrejas, Nossa Senhora Maria de Sião, hospeda a Arca da Aliança original que Moisés carregou com os israelitas durante o Êxodo. Apenas um sacerdote tem permissão para entrar no prédio onde a Arca está localizada, aparentemente devido às advertências bíblicas de perigo. Como resultado, estudiosos internacionais duvidam que a Arca original esteja realmente lá, embora um caso tenha sido apresentado por vários escritores, incluindo Graham Hancock em seu livro The Sign and the Seal.

A origem apostólica Cristã ( c.330 Dc)




A Igreja Ortodoxa Etíope afirma ter uma origem apostólica. Segundo a tradição, o eunuco etíope mencionado no Livro de 𝐀𝐭𝐨𝐬 𝐜𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟖 da Bíblia foi convertido ao cristianismo pelo apóstolo 𝐅𝐢𝐥𝐢𝐩𝐞 durante sua viagem a Jerusalém. Ele teria retornado à Etiópia e difundido a fé cristã, estabelecendo assim as raízes do cristianismo etíope. Embora o cristianismo tenha se tornado a religião oficial do reino axumita no século IV, a religião era conhecida na Etiópia desde muito antes.
Nos Atos dos Apóstolos, VIII: 26-40, de cordo aos escritos etíopes antigos, um certo eunuco, tesouro da rainha Candace da Etiópia, foi a Jerusalém para adorar o Deus de Israel. Lá ele conheceu Filipe, o diácono, e foi batizado por ele. Na Homilia de Pentecostes, os etíopes estiveram presentes na Cidade Santa no dia de Pentecostes. Mais tarde, quando os Apóstolos saíram para pregar o Evangelho, Mateus recebeu a tarefa de levar a Boa Nova à Etiópia.

Interação cultural

Na Etiópia, a difusão do cristianismo não seguiu o mesmo padrão do mundo greco-romano, onde o cristianismo foi confinado aos níveis mais baixos da sociedade por três séculos e totalmente rejeitado pelas classes dominantes. Somente no início do século IV começou a ganhar alguns convertidos entre os membros da família imperial. Na Etiópia, o inverso foi verdadeiro. O cristianismo foi introduzido primeiro na corte real e, a partir daí, gradualmente penetrou entre as pessoas comuns.
O cristianismo na Etiópia é profundamente entrelaçado com a cultura e a identidade etíopes. A Igreja Ortodoxa Etíope incorporou elementos culturais e tradições pré-cristãs, adaptando-se ao contexto etíope. Essa integração cultural é evidente em práticas litúrgicas, música, arte sacra e festivais religiosos.

Resistência à expensão Islâmica ( c.700-1200 dc)


A Etiópia desempenhou um papel importante na resistência à expansão islâmica na região. Durante séculos, a Etiópia foi um refúgio para cristãos que fugiam das áreas dominadas pelo Islã. O reino cristão da Etiópia resistiu a várias invasões muçulmanas, como a conquista do Sultanato de Adal no século XVI.
Antes da ascensão do Islã, Axum era um extenso império marítimo e comercial. Em seu apogeu, governou muitos distritos na parte sudoeste da Península Arábica, do outro lado do Mar Vermelho. Controlava as terras dos Beja, povo que habitava o norte da Eritreia e que parte do nordeste da República do Sudão. No oeste, a esfera de influência política e militar de Axum já havia alcançado o vale do Nilo no século IV dC Além do rio Takazz'e, o distrito de Semien e provavelmente também a região até o lago Tana estavam dentro de seus limites territoriais . No entanto, foi no sul, nas áreas predominantemente povoadas de Agew de Tigrai, Wa'ag, Lasta, Anogot e Amhara, que a herança de Axum atingiu suas raízes mais profundas. Quando quase completamente excluído do comércio do Mar Vermelho.

Semelhanças com o Judaísmo

A Igreja etíope dá mais ênfase aos ensinamentos do Antigo Testamento do que se pode encontrar nas Igrejas Ortodoxas, Católica Romana ou Protestante, e seus seguidores aderem a certas práticas encontradas no Judaísmo Ortodoxo ou Conservador. Os cristãos etíopes, como alguns outros cristãos orientais, tradicionalmente seguem regras dietéticas semelhantes à cashrut judaica, especificamente no que diz respeito ao abate de animais. Da mesma forma, a carne de porco é proibida, embora ao contrário da Kashrut rabínica, a culinária etíope mistura produtos lácteos com carne, o que por sua vez a torna ainda mais próxima das leis dietéticas Caraíta. As mulheres são proibidas de entrar no templo da Igreja durante a menstruação; eles também devem cobrir seus cabelos com um grande lenço (ou shash) enquanto estiverem na igreja, conforme descrito em 1 Coríntios, capítulo 11.

A bíblia Etíope

A Bíblia Etíope inclui os livros do Antigo e do Novo Testamento, mas tem algumas diferenças em relação às versões comuns da Bíblia usadas por outras denominações cristãs. Uma das principais diferenças é a inclusão do livro chamado de "Kebra Nagast", que significa "A Glória dos Reis". Esse livro relata a história da rainha de Sabá (rainha Makeda) e sua visita ao rei Salomão em Jerusalém, além de narrar a linhagem dos reis etíopes que alegadamente descenderiam de Salomão e a Arca da Aliança. O "Kebra Nagast" é considerado um texto sagrado e importante para a identidade religiosa e cultural da Igreja Ortodoxa Etíope.
Além disso, a ordem dos livros bíblicos também pode variar na Bíblia Etíope em comparação com outras versões. Os cânticos de louvor, conhecidos como "Mezmur", também fazem parte da tradição religiosa etíope e são frequentemente incluídos em edições da Bíblia Etíope. Vale ressaltar que a Bíblia Etíope é escrita em ge'ez, uma língua litúrgica que é usada pela Igreja Ortodoxa Etíope nas suas cerimônias e rituais. O ge'ez é uma das línguas antigas da Etiópia e tem uma rica tradição literária.

Igrejas monolíticas


Uma das 11 igrejas monolíticas, escavadas nas rochas  


Em todo mundo cristão, a Etiópia é o único país com igrejas monolíticas que remontam desde o primeiro século, guardando uma tradição única a semelhança do antigo testamento. As igrejas monolíticas etíopes são um exemplo único da arquitetura cristã ortodoxa e têm uma importância histórica e cultural significativa. Essas igrejas são escavadas diretamente em rochas maciças, formando estruturas monolíticas, em vez de serem construídas com pedras separadas.
Essas igrejas monolíticas estão localizadas principalmente na região de Tigray, no norte da Etiópia, embora existam exemplos em outras partes do país. Elas são um testemunho da habilidade arquitetónica e engenharia dos antigos construtores etíopes.
A Igreja Ortodoxa Etíope manteve uma autonomia significativa ao longo da história. Embora seja parte da família das Igrejas Ortodoxas Orientais, a Igreja Ortodoxa Etíope tem sua própria liderança, liturgias e tradições distintas. Ela é autônoma e governada pelo Sínodo da Igreja, com o Patriarca Etíope como seu líder espiritual.

Referências

• Igreja Ortodoxa Etíope: Consulta Online
• Ethiopia: A Model Nation of Minorities ( Consulta Online)
• Hancock, Graham (19 de setembro de 2012) ( Consulta Online)

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